ESCOLHA A MOCHILA CERTA DO SEU FILHO
Escolha a mochila certa do seu filho : publicado na revista Zen Enerygy n° 68 de Setembro 2014
À poucos dias do tão esperado ou temido inicio do ano lectivo, a corrida às compras de material escolar torna-se o passatempo preferido ou imposto do mês de Setembro para pais e crianças.
As cadeias de supermercados, papelarias, lojas de marroquinaria sobrelotadas, uma oferta impressionante mas como distinguir efeitos de moda, qualidade e preço quando se trata de uma mochila ?
Todos os anos, este assunto destaca-se nos medias e preocupa os encarregados de educação que vêem as dores de costas e outros transtornos relacionados com posturas incorrectas aumentaram significativamente nas crianças e adolescentes.
Colorido, sólido, com ou sem rodas... ficam algumas dicas na hora de escolher a mochila do seu filho.
Os números
Entre 8 à 9 kilos : representa a carga média da mochila de um estudante ou seja 20% do peso de uma criança de 40 kilos. Equivale para um adulto de 80kg, suportar 17kg.
Médicos e cientistas consideram que a mochila não deve ultrapassar os 10% do peso corporal.
O factor agravante é que a idade escolar ocorre em pleno crescimento e é nesse período que se devem concentrar as nossas atenções na prevenção das patologias músculo-esqueléticas, corrigir as posturas incorrectas e evitar cargas excessivas. Isto pode vir a explicar as estatísticas preocupantes de um estudo que aponta que 50% das crianças sofreram de dores de costas nos últimos seis meses, 67% apresentaram queixas de transtornos musculares e 15% padeceram de dores no ombros. O mesmo descreve a faixa etária dos 10-12 anos como a mais exposta à disfunções músculo-esqueléticas, coincidindo com o pico do crescimento e de desenvolvimento da coluna vertebral.
A mochila referencia-se nesta fase determinante como um dos factores de risco do sistema articular que terá obviamente um impacto e repercussões na vida adulta.
A mochila ideal
É uma equação complexa entre solidez, conforto e estética. A mochila ideal deve agradar tanto aos pais como aos filhos porque se tornou, além da sua utilidade funcional, um verdadeiro acessório de moda. Na aquisição da mochila concilie o preço, as características funcionais, a ergonomia, o peso e o estilo, pois sabe que será sinonimo de imenso cuidado da parte deles.
O tamanho da mochila deve igualar a largura das costas com a parte superior colocada contiguamente abaixo do pescoço e a parte inferior acima da cintura. No combate às gramas supérfluas, verifique que o peso da mochila vazia não excede 1,5kg.
Opte por uma mochila com alças largas, acolchoadas para impedir fricções e ajustáveis para se adequar à morfologia. Também é necessário que seja dotada de uma estrutura sólida e almofadada para se adaptar ergonomicamente à coluna vertebral. Num aspecto pratico parental e seguro, escolha uma mochila impermeável para resistir às agressões climatéricas, munida de bandas reflectoras para o trajecto escola/casa.
Como usar a mochila
Agora que adquiriu a mochila perfeita, o segredo para se tornar um aluno exemplar em ergonomia e postura alia a arrumação e o uso da mochila.
Para eliminar as cargas supérfluas, é essencial remover todos os dias o conteúdo da mochila e preparar o dia seguinte com a criança, evitando o carregamento de livros desnecessários. Alias se for realizável, opte por cadernos com 96 paginas em vez das habituais 192, umas pequenas gramas que podem fazer toda a diferença. Recorde-se que os livros e cadernos mais pesados devem ser colocados ao longo das costa e no centro para não desequilibrar o corpo para trás, tentando manter o equilíbrio lateralmente (a mochila deve estar preenchida tanto do lado direito como esquerdo).
A regra de ouro para limitar as dores de costas é de equilibrar a mochila nos dois ombros, pode parecer natural mas os efeitos de moda nas nossas escolas de uso num só ombro são devastadores e providenciam deformações da coluna, expondo-se à riscos de evolução para escolioses. Conjuntamente a mochila deve ser transportada acima das ancas junto ao corpo e não descaída, o que aumenta significativamente o seu peso.
A segunda regra de ouro, esta mais difícil de por em pratica, é de limitar o peso da mochila em 10% do peso corporal e sempre que possível retirar a mochila das costas no recreio, na paragem do autocarro, na espera frente à sala de aula.
É típico do ser humano tentar reduzir uma doença à um mau habito, a lombalgia é por causa do colchão, o torcicolo deve-se à almofada, a dor nos joelhos ao calçado. Todavia as dores de costas e os transtornos articular são multifactoriais, é de facto simplista resumir as patologias do sistema músculo-esquelético ao uso de uma mochila. O sedentarismo, a diminuição da actividade física, a ergonomia do mobiliário escolar são tantos outros motivos para desenvolver desconfortos posturais. À propósito, um estudo norueguês comprovou que o transporte de uma mochila equilibrada num trajecto superior à 1km desenvolve-se a musculatura vertebral e reforça o sistema ósseo.
Trolley : mito ou perfeição ?
O trolley ou mochila com rodas suscita muitas perguntas em consultório. Outrora apresentada como a revolução, confesso que na minha opinião não reúne os requisitos de uma boa escolha. Aparentemente poderíamos pensar que as rodas diminuiriam os efeitos na coluna, contudo a criança torna-se obrigada à manter as costas em torção, completamente inclinados e forçado à mudar vezes sem conta de braço para sustentar o esforço. Isto sem falar do piso dos nosso passeios com o qual as “rodinhas” de pouco se adequam. No aspecto ponderal o trolley volta à desiludir com os seus 3 à 4kg mínimos em vazio contra 1 à 1,5kg para uma mochila convencional, o que se torna decisivo na hora de subir as escadas, pois sim poucas escolas possuem elevadores ou escadas rolantes.
Para ser totalmente eficientes, os pais devem conhecer algumas precauções à aplicar:
- verificar o peso e o conteúdo da mochila diariamente
- assegurar-se de o transporte nos dois ombros
- lutar contra a inactividade, privilegiando o ar livre às horas no computador ou sofá
- corrigir os maus hábitos posturais no dia à dia
- evitar o excesso ponderal através de uma alimentação equilibrada
- conferir as horas de sono, uma criança deve dormir mais de 9 horas
- analisar a postura do seu filho/a : verificar regularmente a altura dos ombros, das omoplatas, das ancas. Se observar uma assimetria, transtornos na marcha, consulte para analisar a coluna vertebral.
Nota : A Osteopatia não se substitui à consulta do seu médico e ao uso de medicamentos
Partilhe o nosso artigo e deixe o seu like !